quarta-feira, 29 de maio de 2013

Possibilidades Da Gestão Democrática A Partir Da Eleição De Diretores

Gerir uma escola democraticamente não é tarefa fácil, mas é possível. A eleição de diretores escolares representa um clamor da população e possibilita uma transformação social, apesar de não garanti-la. Cria estratégias para que a comunidade possa participar das decisões da escola, sentindo-se parte da Unidade, porém não pode efetivar essa participação. Garante que todos os professores de curso superior possam concorrer à função de diretor, no entanto, não pode afirmar que ele seja um gestor democrático depois que assumir ou que será somente mais um representante do poder público local. Nada é garantido, nada é absoluto. O que é visível é a mudança nas instituições que estão com uma gestão democrática: a comunidade se sente mais à vontade para estar com a direção, opinando, tirando dúvidas, participando dos eventos e das decisões. Mesmo quando não pode estar presente nas reuniões, dirige-se à escola para conversar com o gestor, porque se sente bem vinda e sabe que será ouvida por ele. Isso tudo porque a "maior possibilidade de opinar, característica de um ambiente mais democrático, acaba levando os sujeitos envolvidos na educação escolar a uma postura mais participativa" (PARO, 2003, p. 388), o que ressalta que a implantação da gestão democrática é uma ação positiva.
Entre os aspectos que fundamentam a gestão democrática estão a mudança na postura do diretor, o acesso ao cargo aos profissionais de educação, a valorização das questões pedagógicas, que agora eleito pela maioria deve assumir o papel de representante da comunidade e não apenas do poder governamental, promovendo uma maior proximidade entre diretor, funcionários e pais, por meio do incentivo na criação dos grêmios estudantis e associação de pais, antes tão discriminados. Passa também a exercer pressão sobre o governo para que este passe a ouvir os professores e a tratá-los de forma melhor, em prol de uma educação de qualidade.
O diretor eleito muda a atitude, passando de uma postura autoritária para uma dialógica, permitindo a participação dos demais segmentos, que podem opinar, propor mudanças e soluções para problemas. Ele passa a ser "[...] um gestor da dinâmica social, [...] para dar unidade e consistência, na construção do ambiente educacional e promoção segura da formação de seus alunos" (LUCK, 2000, p. 16). Os segmentos, por sua vez, se sentem mais à vontade para estarem na escola, opinando e colaborando nas discussões levantadas. Estas passam a analisar a atual situação educacional e a propor novas formas de gerir a instituição, pois desenvolvem a consciência política, conhecem seus direitos como verdadeiros cidadãos e agem social e politicamente. São capazes de tomar atitude de solicitar reuniões para expor o que consideram errado e apresentar soluções, fazendo surgir uma novo modelo de gerir: a gestão compartilhada. 
Os profissionais da educação têm a possibilidade de participar do pleito, o que contribui para que o clientelismo não volte a existir no ambiente educativo. Assim,
a escolha do diretor escolar, pela via da eleição direta e com
a participação da comunidade, vem se constituindo e ampliando-
se como mecanismo de seleção diretamente ligado
à democratização da educação e da escola pública, visando
assegurar, também, a participação das famílias no processo
de gestão da educação de seus filhos (Parente, Lück, 1999,p. 37). 

A assunção de um profissional mais democrático, mais aberto à diversidade de pensamentos é, de fato, um ganho na educação, pois a comunidade escolar sente a diferença e passa a estar presente na escola.
Além disso, o gestor passou a valorizar não apenas as questões burocráticas, mas também as pedagógicas, pois compreende que a qualidade de ensino depende não somente dos recursos para o professor trabalhar em sala, mas principalmente da junção entre o recurso e o pedagógico. Isso é fundamental para se conseguir uma educação de qualidade. 
A gestão democrática, portanto,
[...]só se efetiva por ações e relações que se dão na realidade
concreta, em que a coerência democrática entre o discurso e a prática é
um aspecto fundamental. A participação não depende de alguém que
"dá" abertura ou "permite" sua manifestação. Democracia não se
concede, conquista-se, realiza-se (HORA, 2005, p. 133). 

Mas não se pode esperar que a eleição de diretores solucione todos os problemas da educação, pois seria impossível. A ação do diretor foi ampliada, mas a sociedade é parte importante dessa mudança, pois esta tem o poder de escolha, podendo fazer uso ou não dele.

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