Gerir uma escola democraticamente não é tarefa
fácil, mas é possível. A eleição de diretores escolares representa um clamor da
população e possibilita uma transformação social, apesar de não garanti-la.
Cria estratégias para que a comunidade possa participar das decisões da escola,
sentindo-se parte da Unidade, porém não pode efetivar essa participação.
Garante que todos os professores de curso superior possam concorrer à função de
diretor, no entanto, não pode afirmar que ele seja um gestor democrático depois
que assumir ou que será somente mais um representante do poder público local.
Nada é garantido, nada é absoluto. O que é visível é a mudança nas instituições
que estão com uma gestão democrática: a comunidade se sente mais à vontade para
estar com a direção, opinando, tirando dúvidas, participando dos eventos e das
decisões. Mesmo quando não pode estar presente nas reuniões, dirige-se à escola
para conversar com o gestor, porque se sente bem vinda e sabe que será ouvida
por ele. Isso tudo porque a "maior possibilidade de opinar, característica
de um ambiente mais democrático, acaba levando os sujeitos envolvidos na
educação escolar a uma postura mais participativa" (PARO, 2003, p. 388), o
que ressalta que a implantação da gestão democrática é uma ação positiva.
Entre os aspectos
que fundamentam a gestão democrática estão a mudança na postura do diretor, o
acesso ao cargo aos profissionais de educação, a valorização das questões
pedagógicas, que agora eleito pela maioria deve assumir o papel de
representante da comunidade e não apenas do poder governamental, promovendo uma
maior proximidade entre diretor, funcionários e pais, por meio do incentivo na
criação dos grêmios estudantis e associação de pais, antes tão discriminados.
Passa também a exercer pressão sobre o governo para que este passe a ouvir os
professores e a tratá-los de forma melhor, em prol de uma educação de qualidade.
O diretor eleito
muda a atitude, passando de uma postura autoritária para uma dialógica,
permitindo a participação dos demais segmentos, que podem opinar, propor
mudanças e soluções para problemas. Ele passa a ser "[...] um gestor da
dinâmica social, [...] para dar unidade e consistência, na construção do
ambiente educacional e promoção segura da formação de seus alunos" (LUCK,
2000, p. 16). Os segmentos, por sua vez, se sentem mais à vontade para estarem
na escola, opinando e colaborando nas discussões levantadas. Estas passam a
analisar a atual situação educacional e a propor novas formas de gerir a
instituição, pois desenvolvem a consciência política, conhecem seus direitos
como verdadeiros cidadãos e agem social e politicamente. São capazes de tomar
atitude de solicitar reuniões para expor o que consideram errado e apresentar
soluções, fazendo surgir uma novo modelo de gerir: a gestão compartilhada.
Os profissionais da
educação têm a possibilidade de participar do pleito, o que contribui para que
o clientelismo não volte a existir no ambiente educativo. Assim,
a escolha do
diretor escolar, pela via da eleição direta e com
a participação da
comunidade, vem se constituindo e ampliando-
se como mecanismo
de seleção diretamente ligado
à democratização da
educação e da escola pública, visando
assegurar, também,
a participação das famílias no processo
de gestão da
educação de seus filhos (Parente, Lück, 1999,p. 37).
A assunção de um
profissional mais democrático, mais aberto à diversidade de pensamentos é, de fato,
um ganho na educação, pois a comunidade escolar sente a diferença e passa a
estar presente na escola.
Além disso, o
gestor passou a valorizar não apenas as questões burocráticas, mas também as
pedagógicas, pois compreende que a qualidade de ensino depende não somente dos
recursos para o professor trabalhar em sala, mas principalmente da junção entre
o recurso e o pedagógico. Isso é fundamental para se conseguir uma educação de
qualidade.
A gestão
democrática, portanto,
[...]só se efetiva
por ações e relações que se dão na realidade
concreta, em que a
coerência democrática entre o discurso e a prática é
um aspecto
fundamental. A participação não depende de alguém que
"dá"
abertura ou "permite" sua manifestação. Democracia não se
concede,
conquista-se, realiza-se (HORA, 2005, p. 133).
Mas não se pode
esperar que a eleição de diretores solucione todos os problemas da educação,
pois seria impossível. A ação do diretor foi ampliada, mas a sociedade é parte
importante dessa mudança, pois esta tem o poder de escolha, podendo fazer uso
ou não dele.
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