quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ação Do Diretor Numa Gestão Democrática



Com a possibilidade de uma gestão democrática, criou-se a ideia de que o gestor iria solucionar todos os problemas educacionais, pois seria agora um representante da comunidade na escola. No entanto, não foi isso que aconteceu. Muitos gestores não conseguiram estabelecer a gestão democrática na sua Unidade Escolar, e os professores, que estão diretamente ligados a ele, continuaram insatisfeitos com a situação.
 A ação dos dirigentes escolares não pode ser individual, até porque o próprio conceito de democracia demanda uma participação de todos nas decisões e ações da Unidade. O que ocorre, na verdade, é que muitos diretores foram eleitos, mas não sabem exatamente quais são suas funções em uma gestão democrática, não sabem se devem servir a quem os elegeu ou se devem continuar representando as classes de domínio público.
[...] as modificações das estruturas para provimento de cargos para diretor de escola, apesar de melhorarem as relações interpessoais comunidade-escola, enfrentam uma fragilidade quando não redefiniam a função deste profissional, que fica entre atender às demandas e reivindicações dos sujeitos envolvidos no dia-a-dia escolar e responder pelo cumprimento das pressões governamentais. (LIMA; SHIMAMOTO, 2009, p. 12)

Situações como essa dificultam o trabalho do gestor, já que exerce a função de mediador na relação entre Estado e comunidade escolar; tanto é responsável por toda parte burocrática da escola, representada pela área administrativa, como pela parte social, em que precisa lidar com uma diversidade de situações com que não está habituado, garantindo a negociação entre comunidade e poder público. O diretor, enquanto apenas representante do Governo, sempre pôde centrar-se nas questões de burocracia, pois para gerir a escola, não precisava "ouvir" a comunidade escolar, e muito menos a comunidade local. Cabia-lhe simplesmente transmitir as decisões que vinham da hierarquia política, evitando assim, a sua saída do cargo. Com as eleições e a gestão representativa, as mudanças ocorreram, mas o gestor permaneceu ligado ao poder público ou se tornou refém dos profissionais da educação. Além disso, questões ligadas ao medo da perda do cargo, mesmo sendo eleito pela grande maioria, caso representasse a comunidade escolar, travaram a gestão democrática. Pelo fato de o cargo de direção não ser vitalício, já que não provém de concurso público, inibia muitas de suas decisões, por medo de perder a posição alcançada; já um cargo permanente permite "ousar" nas decisões e atitudes, quando estas contrariam o Estado, pois é sabido que para casos de demissão é necessária a abertura de processo administrativo, onde é permitida ampla defesa do servidor. 
Por outro lado, a postura dos diretores escolares mudou com a chegada da gestão democrática no que se refere à área pedagógica, pois até então ele ficava centrado nas questões burocráticas da instituição, distanciando-se dos profissionais da escola. Com a nova gestão, o diretor ficou mais sensível às solicitações dos segmentos escolares, como a necessidade da criação de grêmios estudantis, presença maior dos pais e comunidade local nas decisões e maior respeito aos professores, que se viam perseguidos por gestões autoritárias. 
Segundo GADOTTI; ROMÃO:
O diretor de escola é, antes de tudo, um educador. Enquanto tal possui uma função primordialmente pedagógica e social, que lhe exige o desenvolvimento de competência técnica, política e pedagógica. Em sua gestão, deve ser um articulador dos diferentes segmentos escolares em torno do projeto político-pedagógico da escola. (2003, p. 102)

Devido a essa nova forma de gerir a escola, o dirigente precisou estabelecer uma nova relação entre os componentes da comunidade e o Estado, mesmo tendo a ciência de que essa relação ainda não é a ideal, pois o Estado quando se sente atingido pelas decisões da escola reage de forma a negar os pedidos do gestor, dificultando o seu trabalho e pressionando para que volte à postura burocrática. 

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